Por que é importante a inclusão de estudos de Gênero a partir do Ensino Fundamental?

30/12/2010 14:50

 

Entre outros motivos, pela insistência do preconceito àqueles que apresentam qualquer preferência sexual, ou comportamento relacionado à sexualidade, diferente do considerado padrão aceitável e normativo. Sim, ainda normativo!

Apesar das práticas apontarem para uma flexibilização desse preconceito - mesmo porque não se pode baixar um decreto para mudar a realidade - até mesmo uma reflexão nesse sentido é necessária. É importante que se tenha muito cuidado ao se lidar com questões relacionadas ao comportamento e à cultura humanas, porque ao se dizer "flexibilização", "normativo", "aceitação" ou outros do tipo, pode-se cair na teia que se pretende combater, pois pressupõe-se que haja um modelo primordial e que as outras formas são derivadas e imperfeitas.

Também é importante separarmos as questões do exercício da sexualidade humana do ato de reprodução sexual puramente natural ou "perfeito" arquitetado pela natureza. Há controvérsias também nesse quesito que a ciência dia a dia demonstra ser necessário que certos determinismos sejam repensados e que certos paradigmas sejam derrubados.

Aqui não é o espaço para essas longas discussões, mas convido às pessoas que se interessarem para buscarem referências a respeito. Mas para não deixar no ar, um exemplo: fetos podem - como são também - implantados em uma mulher ou fêmea sem que haja cópula com um homem ou um macho. Portanto, pode haver a reprodução sem que haja o ato sexual, caso estejamos falando de forma absolutamente cientificista e distanciada das questões subjetivas que cercam os humanos em suas relações afetivas e sexuais.

A matéria abaixo é um retrato dessa necessidade urgente de conscientização e de formação de gente capacitada nas escolas e em todos os níveis do ensino regular/oficial no país pra lidar com essas questões.

Questiono, inclusive, a necessidade de um questionário que contivesse uma pergunta como essa: se alun@s aceitariam a convivência com outr@s alun@s homossexuais. Essa forma de poder que se oferece a uma pessoa é extremamente perigosa, pois é uma concessão sobre a identidade do Outro e por extensão, do próprio Outro.


 

  

28/12/2010
Vitória é a capital mais homofóbica do País

Uma pesquisa em parceria entre a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cidadania (Unesco) e o Ministério da Educação (MEC) demonstrou que uma parcela significativa de professores e alunos de Vitória têm dificuldades em aceitar alunos e colegas de escola homossexuais.

O estudo “Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a homofobia nas escolas” faz parte da coleção Educação para Todos e surgiu da necessidade de ações mais abrangentes no enfrentamento da violência, do preconceito e de discriminação contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, e por fazer crescer no País a percepção da importância da educação como instrumento necessário para enfrentar situações de preconceitos e discriminação e garantir oportunidades efetivas de participação de todos nos diferentes espaços sociais.

A pesquisa foi realizada com jovens estudantes e professores da Capital e apontou que em Vitória 47,9% dos professores declaram não saber como abordar os temas relativos à homossexualidade em sala de aula. Além disso, 44% dos estudantes do sexo masculino de Vitória não gostariam de ter colegas de classe homossexuais.

No entanto, o professor, pesquisador e mestre em Educação Elias Mugrabi ministrou outra pesquisa, exclusivamente com alunos e professores da rede municipal de ensino de Vitória e encontrou dados que mostram mudança no perfil de alunos e docentes. As impressões do professor foram dadas em entrevista à rádio CBN. Enquanto a pesquisa da Unesco aponta Vitória como a capital mais homofóbica do País, a do professor Elias Mugrabi constatou que 77% dos entrevistados na rede municipal aceitariam colegas homossexuais.

Ele contou que visitou escolas da rede municipal nas oito regiões administrativas da Capital e foi feito um estudo qualitativo com dez alunos de diferentes unidades, escolhidos aleatoriamente até que se completasse o número de cem estudantes. Eles responderam a um questionário em que as respostas seriam sim ou não e daí foi retirado o percentual de alunos que aceitam a convivência com alunos homossexuais.

Na pesquisa 76,7% dos alunos que responderam ao questionário aceitariam ter como colega de classe um aluno homossexual. O professor ainda constatou que 71% dos estudantes aceitariam fazer trabalhos escolares com um colega homossexual

Fonte: https://cenag.uol.com.br/noticias_ler.php?id=NDQyNg==